A
IMUTABILIDADE DE DEUS
O
profeta Malaquias disse por boca de Deus: “Porque
eu, o Senhor, não mudo; por isso vós não sois consumidos” (Ml 3:6). No Novo
Testamento vemos Tiago afirmando o mesmo atributo de Deus: “Toda boa dádiva e todo o dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai
das luzes, em quem não pode existir
variação ou sombra de mudança” (Tg 1:17).
A
imutabilidade de Deus é o atributo que nos garante uma grande segurança em servi-lo,
pois nos dá convicção em alcançarmos as suas promessas (se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerdes em vós,
pedireis o que quiserdes e vos será feito – Jo 15:7).
A
questão que queremos tratar neste pequeno texto é em relação ao caráter de Deus
e a sua conseqüente obra. Uma passagem bíblica que demonstra uma aparente
contradição ao que o imutável Deus estabeleceu está no evangelho de João no
capítulo 8, versos 1 a 11.
Conta
a passagem bíblica da argüição com relação a aplicação da lei mosaica a uma
mulher apanhada em flagrante adultério que determinava a morte por
apedrejamento. Todos nós sabemos que a lei de Moisés foi estabelecida por Deus
e não por iniciativa humana, ou seja, que a vontade de Deus era clara.
Todos
nós que somos cristãos acreditamos que Jesus é o Filho de Deus e que tudo o que
Ele fez foi conforme a vontade de Deus. Ora, se a vontade de Deus já havia sido
estabelecida na lei, não deveria Jesus simplesmente dizer: cumpra-se a lei? Poderia Ele ir contra Deus e mudar o que já tinha
sido estabelecido?
Outra
passagem interessante que vale a pena refletirmos está registrada em Atos dos
Apóstolos no capítulo 10. Pedro tem uma visão onde, aparentemente, Deus teria “mudado”
de idéia e teria passado a considerar puro o que antes Ele mesmo havia
considerado como impuro. Haveria Deus mudado? Como fica, então, a imutabilidade
de Deus?
A
resposta a essa questão fica fácil de entender quando passamos a compreender as
missões a que Jesus veio cumprir quando esteve entre nós. A mais conhecida é a
obra expiatória que nos trás salvação, mas existe outra que é pouco comentada,
qual seja a de revelar o caráter bondoso
de Deus.
No
evangelho de Lucas, no capítulo 9, versos 51 a 56, vemos que dois discípulos,
ao serem rejeitados em uma cidade samaritana, pedem a Jesus que os autorize a mandar
descer fogo dos céus para consumi-los (atitude compreensível, pois serviam ao
Deus imutável que havia destruído Sodoma e Gomorra). A resposta de Jesus,
porém, foi através de uma repreensão onde ele afirma que eles não sabiam de que
espírito era.
Percebam
que Jesus começou a mostrar uma face de Deus que os discípulos não conheciam,
ou seja, um Deus de misericórdia e de salvação. Haveria Deus mudado?
Aproveitando
essa passagem bíblica podemos perceber que Jesus comentou sobre a existência de
outro espírito que foi pouquíssimo comentado no Velho Testamento. Em João
10:10, Jesus chama esse espírito de “ladrão” que tinha a missão de matar,
roubar e destruir, ou seja, ao pensarem em destruir aquela cidade samaritana os
discípulos estariam invocando um espírito que não era Deus.
Em
João 8:44, Jesus fala mais claramente sobre esse espírito e o chama de diabo, o
pai da mentira, além de acusar os judeus que o ouviam de filhos do diabo, pois
eles estavam sempre querendo satisfazer os desejos maus do inimigo. Cuidado com
os seus pensamentos e palavras, pois, sem saber, você pode estar seguindo um
espírito errado.
Quem
comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o
Filho de Deus se manifestou: para desfazer
as obras do diabo. Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque
a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus. Nisto
são manifestos os filhos de Deus, e os filhos
do diabo. Qualquer que não pratica a justiça, e não ama a seu irmão, não é
de Deus. 1 João 3:8-10
Nestes
versículos transcritos vemos que Jesus veio para desfazer as obras do diabo. Percebam que nem toda
obra pode ser atribuída a Deus, pois existem duas pessoas diferentes fazendo
duas obras diferentes. O diabo matando, roubando, destruindo e oprimindo e Deus
fazendo o bem, curando e proporcionando vida em abundância (At 10: 38 e Jo
10:10).
Lembre-se
que para os discípulos, baseados no Velho Testamento, destruir a cidade
samaritana era fazer a obra de Deus. Os próprios judeus ao matarem Jesus
pensaram a mesma coisa...
Jesus,
portanto, veio para trazer luz e mostrar através da sua vida o caráter de Deus
(O Filho é o resplendor da glória de Deus
e a expressão exata do seu ser -
Hb 1:3a). Os profetas inspirados na Velha Aliança não conheciam a plenitude de
Deus, mas somente sombras do caráter de Deus por isso confundiam como sendo a
obra de Deus matar, roubar e destruir.
Quando
alguém for tentado, jamais deverá dizer: "Estou sendo tentado por
Deus". Pois Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça, sendo
por esta arrastado e seduzido. Então a cobiça, tendo engravidado, dá à luz o
pecado; e o pecado, após ter-se consumado, gera a morte. Meus amados irmãos, não se deixem enganar. Toda
boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes,
que não muda como sombras inconstantes. Tiago 1:13-17
Vou finalizar esse pequeno estudo com esses
versículos transcritos acima, afirmando, sem medo de errar, que meu Pai não tenta, meu Pai não envia o mal e
nem faz nada imperfeito. Tudo o que vem do Pai me dá vida em abundância e
crescimento. Eu não preciso ser castigado, porque o castigo que me garante a
PAZ foi sofrido por Jesus na cruz (Is 53:5).
O
meu Pai é amor, é bom, é luz, é vida, é cura, é misericórdia, é perdão, é
compreensão, é saúde, é prosperidade, é suprimento, é consolo, é livramento, é
alegria, é justiça, é glória, é paz, é amizade, é união...
O
que eu preciso fazer para desfrutar do que Ele tem pra mim? Basta ser filho dEle.
De
quem você é filho?
Para
meditação da Igreja. SHALON!